Por Dra. Jerusa Smid
A demência vascular é o segundo tipo mais comum de demência em todo mundo e também aqui no Brasil. Perde em número de vítimas apenas para a doença de Alzheimer.A demência vascular é também a primeira causa de demência secundária, isto é, que decorre de uma lesão ao cérebro que não é de natureza degenerativa, como a doença de Alzheimer. Além disso, as lesões vasculares também contribuem para o agravamento dos quadros degenerativos, como a doença de Alzheimer, por exemplo. Esses quadros de associação de doença vascular e doença degenerativa são denominados demência mista e são a 3a causa mais freqüente de demência em nossa população.
Apesar de pouco conhecido pela população, o declínio cognitivo vascular é a forma de demência mais passível de prevenção e com maior possibilidade de medidas terapêuticas.
Chamamos de comprometimento cognitivo vascular o conjunto de doenças que compõem um continuum desde de casos mais leves, em que o indivíduo tem prejuízo muito leve em suas atividades cotidianas, até quadro demenciais francos, com perda de autonomia e dependência de terceiros. Pode ser divida em dois grupos: quadros secundários a acidente vascular encefálico (conhecido popularmente como derrame ou AVC) ou quadros em que o insulto vascular é silencioso, mas diagnosticado pelos exames de tomografia ou ressonância magnética.
O principal fator de risco dessa forma de declínio cognitivo é a hipertensão arterial sistêmica (pressão alta). Diabetes mellitus, dislipidemia (aumento de colesterol e/ou triglicérides) e fibrilação atrial (um tipo de arritmia cardíaca) também são fatores de risco comuns. Como você pode observar, todas essa doenças são comuns na população adulta e passíveis de tratamento. É muito importante controlar esses fatores de risco para prevenir o surgimento do comprometimento cognitivo vascular. Outra doença comum que contribui para a ocorrência de doença cerebrovascular é a síndrome da apnéia do sono, que deve ser investigada e tratada.
Os sintomas dependerão da região cerebral acometida pelo AVC ou a doença pode se apresentar com quadro de instalação lenta e progressiva de dificuldade em atenção, planejamento, velocidade de pensamento, associado a distúrbio da marcha, incontinência urinária e alterações de humor e personalidade.
Outra causa de demência vascular que tem sido cada vez mais diagnosticada com a melhora dos exames de ressonância magnética é a angiopatia amilóide cerebral, que é causa frequente de AVC hemorrágico (sangramento no sistema nervoso central) e que também pode se apresentar com microssangramentos silenciosos.
A prevenção de insultos vasculares é a medida mais importante para o tratamento desses quadros. Para isso o paciente deve fazer investigação ampla de todos os fatores de risco associados para instituição precoce do tratamento específico. Portanto, cuidar da pressão arterial, do diabetes, do aumento de colesterol e da saúde cardíaca e vascular cerebral são medidas essenciais para a prevenção do declínio cognitivo vascular, a 2a causa mais prevalente de demência.