A afasia progressiva primária (APP) é uma síndrome neurológica rara caracterizada pela perda progressiva e predominante da linguagem. No início do quadro, o comportamento e outras habilidades cognitivas (excetuando a linguagem) encontram-se relativamente preservadas.
Os primeiros sintomas da APP podem variar de um indivíduo para o outro. Entretanto, para muitos pacientes, as manifestações iniciais da APP estão relacionadas à dificuldade de encontrar palavras e/ou nomes de pessoas e lugares (anomia). Alguns casos de APP têm como sintomas iniciais dificuldades com a linguagem escrita.
Diferentes aspectos da linguagem podem estar comprometidos na APP no curso da doença, como nomeação, leitura, escrita, sintaxe, compreensão da linguagem, entre outros. Com o avanço da doença, habilidades cognitivas que estavam relativamente preservadas no início da doença podem ficar comprometidas.
A APP pode surgir antes ou depois dos 65 anos e em ambos os sexos.
Há diferentes tipos de APP, sendo que as mais comuns são a variante não-fluente/agramática, a variante semântica (também conhecida por demência semântica) e a logopênica.
Como nas fases iniciais da doença, há comprometimento quase que exclusivo da linguagem, muitos pacientes com APP apresentam relativa independência e autonomia.
Não existe ainda um tratamento medicamentoso para curar ou reverter a APP. Entretanto, o médico decidirá se serão necessários medicamentos para minimizar alguns problemas decorrentes de sintomas da doença.
A reabilitação fonoaudiológica pode ser útil para auxiliar os pacientes a aprenderem a lidar com suas dificuldades, estimulando tantos os aspectos lingüísticos preservados como os comprometidos, minimizando o impacto do distúrbio da linguagem no cotidiano do paciente.
A orientação familiar também deve ser valorizada.
Avaliação fonoaudiológica dos distúrbios da linguagem e da fala decorrentes de comprometimento neurológico
A avaliação fonoaudiológica dos distúrbios da linguagem e da fala decorrentes de comprometimento neurológico pode ser dividida em duas etapas. A primeira etapa é realizada a partir de uma situação denominada avaliação funcional da comunicação. Esta avaliação é realizada por meio de uma entrevista semi-dirigida com perguntas pré-estabelecidas que simula uma conversa na qual as habilidades comunicativas do paciente serão avaliadas. Nesta etapa é possível verificar as habilidades da linguagem que estão preservadas e comprometidas e constatar quais estratégias utilizadas pelo paciente diante de suas dificuldades. Nesta primeira etapa, é possível analisar a compreensão da linguagem, os aspectos fonológicos (relacionados aos sons da fala), lexicais e semânticos (relacionados ao vocabulário), a formulação de sentenças, a elaboração discursiva.
A segunda parte da avaliação é composta por diferentes testes formais para examinar as diferentes habilidades linguísticas separadamente. Nesta etapa são aplicadas provas que examinam a nomeação, leitura, escrita, repetição, compreensão oral e escrita, memória semântica verbal e outras habilidades.
O diagnóstico fonoaudiológico é formulado a partir da análise qualitativa e quantitativa dos achados encontrados tanto avaliação funcional da comunicação como na avaliação formal. Além disso, são considerados os dados coletados na anamnese com o paciente e/ou familiar.